" As coisas que não existem são mais bonitas "

quinta-feira, agosto 25, 2005

Os súditos da boa musica

Quando se começa a frenquentar muito os teatros, concertos, balés, enfim a vida cultural de grau mais elevado, você começa a conhecer uns tipos tipicos fascinantes.

No concerto do BankBoston tinha uns fantasticos.
Tinha, é claro, a categoria "pessoas ricas e de boa familia que apreciam o clássico". Essa é uma das mais comuns, e eu faço parte dela, mais só um pouco. São pessoas normalmente mais velhas, elegantes, com um bom vocabulario, conhecedoras das "boas coisas da vida" e apreciadoras de tudo que é bom. Minha familia esta nessas categoria. As vezes em espetaculos, vejo meninas de uns 10 anos bem vestidas e bem comportadas assistindo a tudo muito timidamente ao lado dos adultos que querem educa-las para esse nivel de gosto. Eu fui assim. Minha mãe me carregou para os bons concertos, as boas exposições, e, principalmente, os bons balés. Dieu Merci! Viva viva.
Portanto, a clase "pessoas ricas apreciadoras do bom" me agrada, apesar de todos terem os mesmo defeitos: metidos e elitistas. Eu também tenho.

Depois disso vem a classe "artistas na lua" que pode ter vários sintomas visuais. Dos maestros de terno com cara de "pierrot lunaire a lunetes", a uns dormes sujos quase rastas de short e all star. Nesses pessoal, sempre tem uns de cabelo longos, barbas por fazer, alguns hippies, alguns caretas mal vestidos, algumas mocinhas timidas e simples na sua timidez musical, outras alegres e alternativas de calças largas e coloridas. Eles tem umas caras que misturam os "estou perdidos, sonho acordado" com "conheço todo mundo aqui, adoro ambiente de teatro". Também tem os músicos com caras interessantes.
Tinha um casal a minha esquerda outro dia. Ela, cabelo curto preso por uma piranha branca, roupas simples mais pro despojado casual levemente colorido, delicadissima carregava uma caixa de violino. Ele, cabelos grandes (não longos), uma barba crescida e bem cuidada, uma cara boa, um pull-over verde arvore, uma calça larga discreta, e um sapato social, na mão um caderno de partituras do J. S. Bach. Esses dois eram otimos, quando chegaram comprimentaram senhor de meia idade grisalho sentado atras de mim: "boa noite professor", depois no intervalo, ele veio comentar a peça do saint saens com o professor "isso é 'música de verdade!". Eu reparei duas ou tres vezes que eles não recostavam as costas no encosto da cadeira, estavam com a cabeça apoiada nas mãos e braços cujos cotovelos se apoiavam nos joelhos. Fantasticos. Eles aplaudiam exaltadissimos! Suspiravam! Demais.

Eu também me encaixo como "artista na lua" e tenho uma enorme simpatia pela nossa diversidade.

et, voilá!

De como música é melhor que um beijo...

Ontem, depois das desventuras na fisioterapia (conto depois), eu cheguei em casa e em 7 minutos (top chrono!) eu me vesti, me pentei, me maquillei, e enfim, tutti quanti, pra ir ao teatro ver e principalmente ouvir um Concerto do BankBoston temporada 2005.
Quem ia tocar?

Joshua Bell no violino e Frederic Chiu no piano.

Foi ... ahm... dos deuses... melhor que isso! Foi quase transcendente. Só não foi melhor que o Rachmaninov que eu ouvi em PoA pelas mãos de um russo. Mas é que exitem diferenças de tom, sabe? É dificil de explicar, ainda mais porque eu sou uma pessoa que sente a musica de um modo muito particular, talvez pelo fato de ser bailarina.
Vejam bem, o Rachmaninov é russo, compos na segunda metade do seculo 19, então ele tem aquele sentimente absurdo que eu sinto nos povos do leste. É uma visão da vida, ou de como ela devia ser, é uma imensidão, é convulsivo como a beleza deve ser. Enfim, é realmente algo muito marcante e muito forte. Naquele concerto eu chorei.

Já o de ontem, foi um allegro puro.
Vamos começar que esse Joshua Bell é o violinista mais "cute ever". Nossa! Ele é lindo, e tem uma cara de adolescente. Ele é meio performatico. Quando começou a tocar um Beethoven já estava animado... No solo abstrato de violino que ele tocou sozinho (Ysaye) ele quase pulava! (eu acho que ele pulou mesmo, porque deu pra ouvir o pé dele batendo no chão). Mais do que isso, se ele se animava e pulava, a plateia toda estava nas nuvens (eu por exemplo ainda não desci de volta a terra).
Não há palavras que descrevam o Saint - Saens deles. Meu deus! Quanta música! Todos os sentimentos do mundo ali! Num violino e num piano, numa sala acustica, eu boquiaberta. O Saint- Saens foi realmente uma coisa de outro mundo. Fodissimo! E no Allegro quando o pianista chinês começou a balançar a cabeça? Delirio interno! Achei demais, o cara estav realmente com a musica! fabuloso! E o final foi apoteotico! Os dois sincronizadissimos! foda foda e mais foda! Quando eles terminaram o teatro pulou com BRAVOS!!!! Eu estava chocada! Foi LINDO, lindo lindo lindo!!

A segunda parte do Concerto, eles me presentearam com dois Tchaikovsky absolutamente Tchaikovsky. Alias, pela primeira vez reparei que ele adora acabar as musicas de violino com um agudo no final... iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii final!
Tão russo! Ah! eu amo!

Eles também tocaram musicas de um compositor que eu não conhecia, Keisler ou acho, ou um nome parecido, musicas lindas, daquelas bem corpulentas, uma delas parecia um Strauss disse a minha mãe. Eu achei lindo.
E no final um Introdução a Tarantela de Pablo de Sarasate muito animada! O bicho!

Eu sai tão alegre, tão contente e satisfeita desse concerto ontem, que nada pode estragar meu humor. Não tem como negar que eu adoro mesmo musica classica! Ainda mais bem executada! Foi tão bom quanto um bom beijo... talvez até melhor. Talvez eu seja doida, provavelmente sou mesmo. Mais je ne peux pas me passer! Não posso viver sem!

BRAVO!!!!

quarta-feira, agosto 24, 2005

Publicidade escrota, já diria Sedotec

Eu sei que eu tenho que declarar algo sobre o sabado e o domingo na chacara da Anninha, mas isso ficara para mais tarde. Coisas de humor.

Enquanto isso fica aqui um protesto.
Tem um enorme outdoor na frente da parada de onibus onde passo todos os dias para voltar pra casa com o seguinte anúcio:

I encontro de prefeitos e vice-prefeitos do Brasil, dias 17 e 18 de agosto de 2005 em São Paulo.

Agora me expliquem, porque eu devo ser muito burra para não ter percebido toda a ironia desse anúncio.
1) se é um encontro só de prefeitos e de vice-prefeitos (essa eu admito que não entendi, os vice tem que ser lembrados também no nome do congresso? Quanta megalomania!) porque anunciar isso pra todos verem em plena L2 sul em Brasilia? "Que sé me dá" que haja esse encontro... se eles querem se encontrar bom prá eles, mas prá que gastar um dinehirão fazendo anúncios pro publico? Porque não mandam convites só para os prefeitos de todo o Brasil? Pelo menos eles estariam sintonizando com o publico-alvo.
2) Brasilia, alias, nenhuma cidade do DF tem prefeito, que dirá vice. Então porque anunciar isto aqui?!?! Misterio! esse me escapou completamente, ainda mais porque o tal evento é em São Paulo.

Só imagino a esperta dos organizadores desse encontro.
Pautas de reuniões tipo: "como organizar um mini-mensalão na camara de vereadores da sua cidade".

segunda-feira, agosto 15, 2005

Lancelot

Noitada com amigas que quero muito, alegria e gargalhadas e tudo de bom regado a gin tonica.
Lembrar os velhos tempos das festas e do "posso dormir na sua casa"
Banho quente de manhã, um longo caminho ouvindo aquele blues And I love you so.
Um teclado ao longe, um jazz talvez, vizinhos hilários, quase atrapalham, as vezes irritam (o que é normal... eu acho). Outros agradam: quem foi a pessoa maravilhosa daquele predio azul que colocou Belle & Sebastian num domingo de manhã para todos ouvirem? Obrigada.
Uma caminhada por lugares novos e ao mesmo tempo já compartilhados. Uma limonda gelada, um bom churrasco, um sorvete de menta. E um gato cinza cuja casa é um carro sujo de pneus furados numa quadra da Asa Norte.
E travesseiros, edredom macio, abraços e um soninho de tarde. Risos e nada de cócegas.
E uma longa travessia de onibus pra chegar em casa correndo debaixo de pingos grossos de chuva.
Como eu adoro! Dias como ontem me deixam pasma com a maravilha e a calma que a vida pode ser. E as saudades se tornam necessárias para poder compartilhar isso melhor.

sábado, agosto 13, 2005

Quebrando o pudim

Devo estar chateada, sei lá com o quê.
Ontem estava muito cansada, hoje estava meio desamparada.
Alguém me ajuda a me acordar?

Algo que sempre achei curioso:
lembrar em español é Acordarse
acordar em português fica Despertarse em español.
É como que para se lembrar de algo precisacemos nos despertar, abrir os olhos para que a lembraça nos apareça nítida.
É bonito, e nessas horas, eu queria ser poeta.

sexta-feira, agosto 12, 2005

Top Sundae

Acreditem, conversar se tornou uma coisa rara na minha vida.
Não sei se foram os estudos dos ultimos meses, ou se o namoro (só converso com ele... o que não é ruim, mas falta diversidade), ou se eu me fechei demais pro mundo porque por ele sou magoada constantemente. O que seja. Eu converso cada vez menos.
E por isso eu me alegro quando meus amigos como a Mara e o Vitão colocam comentarios pedindo uma tarde só de conversas, ou uma santa no desfrut. Aceito ambos e todos os convites futuros. vamos nos ver.
Eu não quero que essas coisas, convites, amigos, cervejas e conversas se tornem lembranças adolescentes.
Não quero crescer de repente e quando crescer quero continuar menina alegre.

segunda-feira, agosto 08, 2005

- que bolsa de água quente é essa, filha?
- é que hoje eu arrebentei minha virilha fazendo ouvert... ótima maneira de começar a semana não é?

Incrivel, estou começando a gostar da nossa coreografia de "moderno" de setembro. Consegui fazer aquela pirueta linda do Jiri Kilyan, que ele pos na perfeita coreografia SARABANDE, que dá nome ao meu blog. Já sabem o quanto que eu gosto desta singela adoravel leve pequena pirueta que eu vou fazer. Oba!
E a parte dos meninos ta muita bonita. Falando em meninos, hoje o Rapha completou um quarto de seculo, 25 anos tem meu partner.

No mais, alguém concorda comigo.

quinta-feira, agosto 04, 2005

Pas D'Esclave, ensaio 2

Pois é, eis a minha dança do atual semestre. O Pas D'Esclave do Corsário. (Ato I).
Eu sou uma mocinha indefesa que foi sequestrada por um Mercador malvado e malfeitor (o meu partner) que vai me vender numa feira de escravas orientais. (uma coisa bem exotica). O pas de deux gira em torno disso. Ele fica me exibindo pros "clientes" dele, tipo reis, pachas, saids que tem harem.

Ontem eu e o Raphael, meu partner, começamos a aprender a dança. (geografia geral)
Hoje agente aprendeu tudo, já sei todos os passos nos seus detalhes e tal. Nós ensaimos 1 hora hoje. Fazem seculos que eu não ensaiva uma hora! Nem vi o tempo passar.

O bom do Rapha é que ele é super dedicado e cuidadoso. Se algo dá errado ou ele não entendeu, ele não desanima, nós vamos tentar de novo. Fazer de novo e mais uma vez.
Repetição.


- Dúvidas, eu pergunto a ele.
- Todas, muitas! ele diz.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Sussurando na plateia

Tenho que fazer um rapido comentario a respeito da Seminário deste ano.

Primeiro porque quebrei minha tradição: de 2 em 2 anos eu fazia seminário. Este ano, depois de 2 anos de abstenção eu normalmente estaria lá. Mas eu estive sem pique e com coisas a resolver à la burocracia.
Então este ano eu não estava lá... assim como ano passado. Fiquei por fora de todos os acontecimentos e fofoquinhas. Mas quando passei por lá fiz questão de falar com as pessoas. Manter contato, mostrar que estou por aí. Sempre é bom e eu não perco nada com isso.

Mas o concurso e o espetaculo final me decepcionaram.
O concurso porque tinha pouca gente, e principalmente quase ninguém da minha idade. As meninas e meninos de 12 a 16 anos estavam excelentes. Tinha muitos e a maioria com um muito bom nivel de palco, variações bem ensaiadas. Enfim o nível subiu mas o numero diminiu. O que eu prefiro até.

Agora o espetaculo final foi bem mais ou menos. Raymonda foi legalzinho, mas eu sou suspeita pra falar porque adoro esse grand pas de deux. A guria que tava no papel principal eu não curti muito, em compensação o tal de Vitor do Rio de Janeiro foi impressionante! Realmente fabuloso! Uns saltos fora do comum muito bonitos, muitos lindos, impecaveis e ousados! Perfeitos! O rapaz é realmente divino! Adorei, sou fã desse cara!

Já Tristão e Isolda foi bem menos empolgante, a coreografia apesar de ter umas boas coisas não combinou com a musica linda. O Marcelo Misalidis não me convenceu até hoje, apesar da limpeza dos movimentos.

Tangos foi meio demorado, algumas coisas boas, os figurinos eram lindos. Também foi legalzim.

Pois é, acho que não perdi nada esse ano... fora o bailarino lindissimo e maravilhoso. Esse sim foi um que valeu a pena. Uma revelação!