S A R A B A N D E

" As coisas que não existem são mais bonitas "

sábado, setembro 13, 2008

Voltando aos poucos

Uma cena engraçada em Sampa:

fomos numa lanchonete chique chamada Lanchonete da Cidade, comer um otimo cachorro quente. Then, o garçom muito simpatico nos ofereceu um brigadeiro de colher que custava 6 reais. A gente, toda mocinha não querendo engordar:
"ah, não brigada, até porque 6 reais é muito dinheiro pra uma colher de brigadeiro".

O cara insistiu, disse que era a melhor colher de brigadeiro da cidade, mas a gente deixou passar. Assim que ele virou as costas a Ana Flavia me olha com cara de pidona e diz:
"agora fiquei com vontade do tal brigadeiro... Alila, vamos pedir, senão acho que eu não vou conseguir dormir esta noite pensando no brigadeiro."

Quase morri de rir da cara dela. Chamei o garçom e disse:
"pode mandar vir o tal brigadeiro, eu quero que ela durma, ronque, sonhe e acorde atrasada pra aula amanhã!!!!!!!"

ah, e o Brigadeiro era realmente muito bom.

quarta-feira, junho 25, 2008

Discretamente barulhenta

To de volta ao Brasil, ainda não sei direito o que pensar.

Sei que foi dificil sair de Paris. Todo mundo diz, "ah Paris isto, aquilo, cidade luz, maravilhosa". No inicio eu ficava boba e dizia "ainda acho que amanhã eu vou embora, que é passageiro".
Foi dificil sair, pensei "2 meses, é muito tempo!". É estranho como tudo muda.

Enfim, Brasilia, Brasil.
Saudades sim, mas uma certa sensação de que nunca sai daqui. Depois de 5 minutos já acho tudo normal. Mas me desacostumei de muita coisa. Como, por exemplo, não poder sair a hora que quero para onde quero.

Tinha que levar uns documentos no correio hoje, tava pronta pra sair quando me ocorreu que nem tinha perguntado pra minha mãe o que ela precisava fazer, e tinha me esquecido que ela ia me levar no correio, de carro.

Cheguei no correio e fiquei de pé pensando "poxa nem tem fila". Até que a maquina que chama as pessoas que pegaram senha tocou, e eu me lembrei que tinha que pegar senha também. A maldita maquina tava escondida e eu não tinha visto. Mas afinal, porque tem uma maquina pras senhas? O povo aqui não pode fazer fila não? Tem que gastar papel e eletricitade mesmo? Ah, é mesmo, esquece a consciencia ecológica.

E tem as coisas mais engraçadas, saindo pra jantar ontem, mal cheguei no restaurante me assustei com o barulho. Como assim? Pois é aqui todo mundo fala alto e gesticula, não vou mais chamar tanta atenção.

Ao mesmo tempo eu noto como andei fazendo algumas coisas e as pessoas me olham diferente, não sei ainda o que é, se é o jeito de vestir, se eu falo alguma coisa... vou ter que descobrir.

Ainda não liguei pra ninguém, to curtindo meu anonimato.
Daqui a pouco alguém me acha.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Motor a Diesel

" A Faculdade de ciências humanas, Sorbonne, da Universidade Paris Descartes, em cooperação com o Centro de Pesquisa sobre os laços sociais (CERLIS), laboratório do Centro Nacional de Pesquisa Ciêntifica (CNRS), está realizando uma pesquisa sobre a vida dos estudantes. Especificamente, estamos trabalhando sobre a vida dos estudantes fora dos estudos e consumo de bebidas alcoolicas."

Curtiram a "nossa" pesquisa? Isso foi ideia do François de Singly, aquele meu excelente professor que no momento esta trabalhando sobre os jovens. Ele conta que a esposa dele ficou muito aliviada no dia em que ele decidiu mudar de tema de pesquisa. Antes ele estudava a escolha do parceiro (marido/esposa, etc...), e antes disso, a familia.

Então lá fui eu pro Saint-Pères, um dos... sei là diabos quantos campus têm na minha universidade.
Só a Faculdade de Ciências Humanas tem aulas em 3 lugares diferentes de Paris: Boulogne (onde eu estou agora, e onde fiz o primeiro ano), Saint-Pères (para onde vamos no terceiro ano e nos mestrados) e a Sorbonne na rue Cujas (A Famosa Sorbonne, ela mesma, toda velha e mofada, tá em reforma agora pra preparar minha chegada, um dia quem sabe...) onde nós temos UM amfiteatro reservado pra sociologia! Aê!!!!! Minusculo diga-se de passagem, e que fica na puta que pariu naquele prédio que parece um labirinto. Perdi a conta de todas as escadas e corredores por onde passei pra chegar là. Como diz a Camille, a gente pode até ter mapa, flechas na parede, um guia tri-lingue, sempre vamos nos perder naqueles corredores.

Acredito que eles pegaram aquele enorme prédio da Sorbonne um dia e disseram: vamos dividi-lo de uma maneira que todas as universidades de Paris (são 13) tenham sua sala aqui. Deu nisso. Nós temos UM amfiteatro, mas temos! Tô brincando. Só as Universidades que são Sorbonne têm aulas là (a Paris 1, 3, 4 e 5. ). As outras 9 universidades não são Sorbonne.

Então volta pra minha historinha. To eu quarta feira indo no Saint-Pères atrás de vitimas, digo, cobaias, não! Enfim, jovens estudantes de bom humor dispostos a responder umas perguntinhas.
Dentro do hall principal vejo um alegre grupo conversando, me dirijo até eles e "Bonjour... será que vocês topam un questionario sobre alcool?" "Siiiiiiim, é conosco mesmo".
Jad, o entusiasta que pronunciou essa frase, foi o primeiro a passar. Na verdade ao contrario do que possa parecer ele não bebe tanto assim. A prova que tem uma certa pressão social e valorisão social do mundo das bebidas... tá, eu vou parar de analizar e terminar a história.

Logo depois que eu terminei com o Jad, um dos amigos dele vira pra mim e diz "Você ainda tem um desses questionários?"
"Tenho sim, mas você vai ter que passar. Tem tempo?"
"Logico!"
Cara, fácil assim arranjei dois entrevistados, o que é bem dificil, já que esses questionários são bem chatinhos e longuinhos. Mas ambos os rapazes foram super de boa e simpaticos, fazem Bio-medicina. No final o David, o segundo entrevistado me convidou pra ir jogar sinuca com eles.

Eu fui. Oras, eu que reclamo que não encontro ninguém, não faço amigos etc etc... Foi comédia. Um bom retrato da França, todos eramos de origem estrangeira. Todos falamos bem francês. Eles na maioria moravam em suburbios, tem que trabalhar, os pais desempregados, mas todo mundo na universidade publica e com bolsas.

Num momento o Jad me dizia: "até eu vir pra faculdade em Paris, a França pra mim era só o suburbio, bagunçado, burocratico, ineficiente. Aqui é outra coisa." Respondi pra ele " Vindo pra faculdade foi quando você descobriu porque chamam isto aqui de país desenvolvido".

Foi uma experiencia interessante. No final essa pesquisa chata me rendeu um fim de tarde legal com uma galerinha simpatica.

Ah sim, e minha performance na sinuca estava um desastre, até um momento onde eu acertei 4 bolas, e depois na vez seguinte 2. Aí o Jad mandou uma otima:
" Você tava escondendo o jogo né?"
"Tava me aquecendo"
"É, você é como o Diesel, leva tempo, leva tempo, mas quando pega, pega!"

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Tête en l´air!

Depois de uma semana completamente inutil, chegando em casa depois da meia noite e acordando as 7 da manhã, ou antes, sabado eu saio de casa as 9 da manhã, e as 10 eu to tomando chocolate quente no bar porque não aguento de sono, e não podia tomar alcool de jeito nenhum senão capotava.

Arihana esta em Paris, me levou num brechó no marais e eu comprei uma saia e uma blusa. Sim a gente experimentou roupas no meio de um brecho lotado de ingleses, italianos e japoneses. Foi algo inusitado, digamos.

Terminamos as 18h no Cuba Bar com Axel (francês), Katherine (canadense), Arihana (Colombiana) e eu (brasileira). No minimo, cosmopolita.

E ainda fui comer feijoada da Dona Rosa de Porto Seguro no Carioca café. Otimo! Com a Kat e o Axel.

Portanto, as dez da noite no bar de Jazz Caveau des oubliettes que fica na rue Galante no quartier latin eu tava bocejando.

Mas estou muito orgulhosa!

Hoje fui absurdamente produtiva.
7h acordar
7h15 tomar café
7h45 arrumar a cama
8h tomar banho lavando o cabelo
8h45 secar o cabelo
9h ir pro supermercado
9h35 voltar do supermercado
9h40 sair pra faculdade
10h35 chegar 10 minutos antes da aula de inglês começar.

Consegui comprar tudo pro aperitivo de hoje a noite aqui em casa e não faltei a aula de inglês!

Então as 18h30 encontrei Axel (de terno!) e a Katherine na Grande Arche. Para minha surpresa o Samuel também veio, chegou atrasado e ainda teve o despaltério de me dizer que veio "à brasileira" ou seja atrasado. Eu respondi que eu estava ficando cada dia mais europeia, quer dizer chegando na hora. Toma!

O pobre Stefano nos esperando em baixo da minha casa já que o francês quis vir à brasileira.
Fiz pão de queijo, tomamos porto (VIVA RODRIGO!), tinto, camembert... a boa vida!
Ouvindo Apocalyptica, Bajofondo Tango Club, e Patife.

Cabecinha de vento esqueceu o celular e o ipod, quase que peço pedágio, mas só pisquei o olho e o chamei de "tête en l´air".

Adorei tê-los aqui em casa. Foi divertido, tranquilo, intimista, do jeito que eu gosto.
Entre amigos, em boa companhia.

São 22h30, to com sono e vou dormir, adorei o dia de hoje.

Fazem 2 anos eu estava fazendo minha ultima audição de ballet em Basel na Suiça.

Acho que hoje sou muito mais feliz, não é?


PS: eu sei que pra vocês é um saco ler isso, mas eu descrevo esses dias bons porque gosto de relembrar. Senão eu esqueço, e é uma pena.

domingo, fevereiro 17, 2008

Brilho Eterno de um diretor de cinema

Com vocês o novo filme do Michel Gondry, o cara que dirigiu "Brilho Eterno de uma mente sem lembranças".

O nome do novo filme é "Be Kind, rewind".

Um esperto cliente de uma video-locadora apaga sem querer todas as fitas da loja. Pra salvar o négocio o dono da video locadora o obriga a filmar tudo de novo com o que eles tem a disposição. O resultado são filmes sweded.

Assistam os 2 traillers, o original e o sweded, são hilários.

http://www.youtube.com/watch?v=J7C8nHAAs70

http://www.youtube.com/watch?v=vFN27E34BKg

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

migalhas

Domingo eu resolvi voltar a ser "socialmente ativa na internet", entrei no msn.
Na verdade eu tava com saudades do Vitor, apostei que iria encontra-lo on line. Bingo.

Ganhei de brinde uma conversa com a chaveiro, e um monte de palhaçadas no Bry na webcam.

Deu saudades pra dedeu. Eu estava meio imune a isso nos ultimos tempos. Por um lado devo estar me acostumando a estar longe, e depois eu ando realmente muito ocupada nos ultimos tempos então nem da tempo pra choramingar.

De novo tenho que ligar pra uma tropa de gente e não consigo. Ontem foi aniversario do Manuel, liguei pra ele e descobri que ele esta namorando há meses etc etc... não falava com ele desde setembro e olha que nós moramos na mesma cidade! Vergonha! Mas a minha vingança é que ele também não me ligou por todo esse tempo, então ficamos quites.

Senão hoje a noite tem festinha dos Corações Solitários na casa do Stefano (how ironic) que esta namorando e o Remi (quem também namora) estará lá. Hoje é dia dos namorados aqui.

Bom, estou atualizando porque o Vitor reclamou, mas como sempre não garanto isto aqui não!

Agora vou me dedicar a segunda ficha conceitual do Lévi-Strauss que, dizem, está dificilima... ai ai, que preguiça.

terça-feira, novembro 20, 2007

Desperate Housewife

Faz uma semana que os transportes estão em greve na França toda.
Estão cancelando varias aulas porque os professores não conseguem chegar até a faculdade. Pouquissima gente tem carro aqui, somos todos muito dependentes dos transportes publicos.

Ta ficando irritante de ir até a faculdade (ta ok, pra mim não é tão dificil assim eu moro relativamente perto) e descobrir que não tem aula porque:
a) professor esta a uma hora no metro sem conseguir chegar (ethnologia ontem)
b) professor veio dar aula as 13h30 mas só tinham 2 alunos, então resolveu cancelar as duas aulas do dia, sendo que as 15h30 (a minha aula) tinha 5 pessoas incluido eu. (economia hoje)

Estou passando por dois grandes exercicios de paciência.

Como diria o Stefano é o equilibrio dos karmas: outubro foi um mês fenomenal, absolutamente magnifico na minha vida, completamente excepcional. Portanto novembro esta uma bosta até agora.

Estou me sentindo uma dona de casa: não tenho aula, estudo um pouco, depois cozinho, aproveito para fazer uma faxina mais demorada com calma, lavo roupas na minha maravilhosa maquina de lavar nova, só não estou passado roupa porque aí já é decreto de inutilidade absoluta e de real falta do que fazer. Ah! Sim... sou dona de casa mas falta marido. Aaaaaargh!