" As coisas que não existem são mais bonitas "

sábado, outubro 29, 2005


A troco de quê saímos aquela manhã?
Respirar o ar da primavera de montevideo. Aproveitar o sol fresquinho.
Não era tão cedo assim, mas acordamos antes.
E saímos assim de casa, conversando como de costume.

Gostaria de saber se ele reparou que eu estava nervosa, que eu queria muito que ele gostasse de mim. Será que reparou num olhar de 15 anos doido para chegar mais perto?
Perto de um jovem uruguaio moreno, de cabelos cacheados, olhos claros caídos meio estrábicos. Uma postura espontaneamente elegante, as vezes desleixada demais. Um poço profundo de emoções a flor da pele, uma revolta sem razão, uma doença que não se nota.

Saimos pela direita da Harwood, dobramos a direita na esquina daquele prédio chic, depois fomos pra esquerda. Caminhamos uma, talvez duas quadras, Lembro de um terrono baldio, muitas arvores, muito verde. Um canteiro no meio da rua. Cheiro de terra molhada. Sombra e umidade. Saindo dali, creio eu, chegávamos naquela rotonda, uma pracinha no meio, e umas arvores de casca cinza lindas, todas retorcidas, formavam bancos naturais. Uma rua cruzava ali, acho que era Av, Bolivia ou Rivera... Sei que indo mais pra direita daonde chegávamos, íamos em direção a rambla, ao Rio de la Plata. Lembro das pilhas de sacos de lixo por ali, os lixeiros estavam de greve naquela semana. Um dia queimaram lixo na rua, o cheiro ficou horrível.

Que sea.
Ficamos por ali, expliquei minha paixão por arvores, falei de um lugar parecido em Brasilia. Subimos nas arvores, caímos, sentamos. Conversamos.
A troco de quê, como é que tudo isso levou a um beijo? Maldito beijo, ele nem tirou os óculos. Coração aos pulos, não era de verdade. Foi de verdade, há 3 anos atrás.

sexta-feira, outubro 28, 2005

De como religião e dinheiro andam de mãos dadas...

Todo mundo tem cenas bizarras da vida real. Hoje tive uma delas.

Fui depositar um dinheiro na minha conta. No final, a moça do caixa me devolveu o dinheiro (depois de me dar o comprovante do deposito) junto com meu cartão. Olhei praquilo com cara de assombro
- Ué? Não era um deposito?
- Ai desculpa! Ainda bem que você falou!
- (suspiro) Pra quê que eu fui falar! (risos) Pra que que sou honesta!

Nisso uma moça que estava ali do lado virou pra mim rindo e disse:
- Pra ganhar a salvação.

Entenderam? Nem eu...

quarta-feira, outubro 26, 2005

No Telefone

- MEU! Tu não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo!
- Eu posso fechar os olhos pra te ouvir melhor e falar melhor contigo. Mas mesmo assim não adiantaria, eu estaria fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo e isso já me atrapalha.
- Você também pode parar de respirar, quem sabe... No fundo você não consegue fazer nem UMA coisa direito ao mesmo tempo.

Vai ver é porque o tempo é único mesmo. Maldita mania de tentar aproveitá-lo ao máxima fazendo várias coisas juntas, poupando o tempo de fazer cada uma delas separadas. Poderiamos nos dedicar mais. Seria melhor e mais verdadeiro.

segunda-feira, outubro 24, 2005


1 ano de namoro, 365 dias de gargalhadas, e eu sempre te adoro, mon beau roux! Posted by Picasa

domingo, outubro 16, 2005

.3 dias, 3 filmes...

Mas vou falar daquele que mais gostei: STAGE BEAUTY.


Filme inteligente, engraçado, uma pitada de angustia. Como os próprios produtores falaram o filme ambíguo, assim como os personagens principais. ADOREI!!!!!!! muito!
Billy Crudup que faz a bicha arrogante Ned Kynaston, um ator que só interpretava mulheres no teatro (especialmente as do Shakespeare) numa época em que mulheres não podiam ser mulheres. Não no Palco.
Claire 'fofinha' Danes, a Julieta moderna, é a camareira de Kynaston, apaixonada por ele, mas que também quer atuar. Ela se torna a 1a atriz mulher da Inglaterra, graças a trama do filme que eu não vou contar! Eles se tornam rivais. O Bicha fica doida ela fica com raiva da bicha... E aí... Intrigas fantásticas, ótimas cenas, atuações maravilhosas.

Fui ver com a Melhor Amiga, no final do filme estávamos em estado de choque! Nos encantamos com o carisma do Billy Crudup (eu definitivamente tenho uma queda por gays... Vai entender!). LINDO! E eu pensando, conheço esse sorriso lindo de algum lugar. Quando fui no site achei rapidinho: Charlotte Gray, ele fazia o maravilhoso Julien, resistente comunista francês. (oh! Porque será que eu gosto do personagem?). Ahhh! Histeria grupie!

Enfim, sou fã dele, além de lindo, carismático, moreno, bom ator etc. etc. etc.

Também vi 2 Filhos de Francisco, que me surpreendeu, como com todo mundo, afinal eles não caíram no lugar comum e o filme é interessante.
E Brothers Grimm, que eu gostei, o Heath Ledger está fantástico como sempre. Excelente.

E eu aqui, medrosa e cagona como sempre com medo da bruxa má que vai me dar pesadelos! =)

sexta-feira, outubro 14, 2005

O inferno são os outros....

De repente eu me sinto para trás.
Sinto a fragilidade de estar batalhando por algo que não se sabe se conseguirei. A fragilidade de me perguntar se “Eu tenho suficiente força de vontade para chegar lá”. Gostaria de não precisar me perguntar essas coisas. De ter certeza.


Muitas vezes acreditei que o bom da vida era o mistério, a insegurança. Que isso dava uma pimenta na vida, como se quiséssemos viver uma aventura. Bem ao estilo das histórias, da ficção literária e cinematográfica.
Porém, nos últimos tempos eu só queria que as coisas fossem fáceis. Batalhar cansa e principalmente desanima.

Estou desanimada e estressada. E pior, sem razão aparente. A impressão que tenho é que estou sempre batalhando comigo mesmo, e que quando algo exterior aparta a briga eu me irrito. Como se dissessem “ PORRA, me deixe brigar em paz comigo mesma!”. Paradoxal mas compreensível.
Sinto o exterior como opressor.

Os outros me pressionam, me incomodam, pedem respostas imediatas que eu não quero dar. Já deixa de ser uma questão de tempo. Não é apenas o “Quero eu tempo pra mim” (sempre quero), mas é principalmente o espaço, a compreensão. Muito difícil de explicar como me sinto. Sinto os outro em cima de mim, na minha frente, é uma invasão.

Me sinto em guerra.
E no final, aquela sensação do general: pra que luto?
Uma causa incerta.

E uma coisa mais violenta do que isso é pensar: será que há alternativa? (quer dizer, simplesmente não lutar?)
Também não sei.

quinta-feira, outubro 06, 2005

A Escrava rebelde!

O Momento tragicômico por excelência da minha vida vai ser o de hoje.
Nunca a expressão “ rir para não chorar “ fez tanto sentido para mim.
Vamos logo aos fatos.

Eu estava ensaiando o Pas D´Esclave do Corsário com o Rapha, meu partner e futuro marido (essa eu conto depois, tivemos direito até a marcha nupcial do Mendelson a todo volume, o Roni de Pai da noiva, Flavia e Danny de padrinhos...) .

Voltando, estávamos ensaiando. O Roni estava filmando nosso ensaio com a câmera do Rapha. E lá pro final do Pas de deux, na hora da 1a pirueta à la seconde (alisgon), eu pego todo o impulso.

Bem.
No vídeozinho só se ouve um “plá-plaft”.

Sem querer, bem no 1o giro eu meti uma generosa porrada no supercílio direito do Rapha.
Um soco de canhota ainda por cima!
Logo eu que nunca bati em ninguém!
Enfim, abriu um corte de 1 centímetro porém bem fundo.
Eu entrei em desespero (no vídeo da pra me ver colocando as mãos em volta do rosto, num gesto típico de desamparo. Uma coisa meio O Grito do Munch).
E aí eu e o Rapha, o Roni e o Paulo, todo mundo achando tudo muito engraçado, e rindo.
Vai entender!
Eu querendo sumir dentro de um buraco. Morri de vergonha!
No final, mandei o Rapha prum pronto socorro. Pensei que ele devia fazer pontos...
“ ô A. Fazer ponto por um corte de um centímetro! Também não exagera!” ele disse.

Sou um monstro mesmo...

domingo, outubro 02, 2005

Quero ser o GRUPO CORPO

Deixa eu ver alguma palavra bem foda pra descrever o choque de ontem a noite.
Deslumbrante? Sim, com certeza.
Impressionante? Sim, muito. Esplendido.
Do jeito que deve ser? Exato! Perfeito.
Musicas ideais, bailarinos excepcionais, um espetáculo completo.
Eu estava em êxtase.

Onqotô do GRUPO CORPO é fantástico! Não é necessariamente inovador, mas é ótimo, você sai contente do espetáculo, feliz da vida, feliz com a vida.
Lecuona também é maravilhoso, lembra o Nine Sinatra Songs da Twila Tharp, mas a dinâmica é mais latina, os duos são mais sentimentais, tem mais humor. Isso no sentido em que eles tem uma vida própria. Lindo.

O espetáculo supera expectativas porque não tenta ser muito mais do que é. Ele é um espetáculo excelente. Ele agrada, e mais, surpreende pelo banal essencial que todos gostamos. Pas de deux são coisas banais, normais no mundo da dança. O CORPO faz disso o melhor do normal. Sem exagerar, tudo na dose certa. Ideal.

Enfim, senti um pouco de raiva porque esse tipo de trabalho bem feito, criativo, cuidadoso não é inalcançável. É disso que todos gostam, é fácil, é leve e inteligente. É lamentável que só aja um Grupo Corpo aqui. (não que o fato de ser único melhore a performance deles, pelo contrário, eles se destacam naturalmente). Acredita-se, infelizmente, que montar algo é complicado, não é. Não acho que seja. Basta pensarem um pouco. Como sair do comum fazendo algo de bom. Talvez nem eu saiba como é isso. Mas quando eu vejo, adoro, admiro e fico de pé junto com 3000 pessoas aplaudindo aqueles maravilhosos bailarinos até o último eco do último aplauso (que foi meu).

GRUPO CORPO é o melhor.

sábado, outubro 01, 2005

Chevere?

Palavrinha nova!
Vejam só, eu terrorizada porque meu español es de calle. Desesperada porque eu sei de cor o glossário das casa, das coisas úteis do dia a dia mas não sei conjugar direito o pronome coloquial USTED. Fudida eu né?
Ainda mais indo trabalhar num hotel 5 estrelas aqui de Brasília na recepção dos chefes de estado da América do Sul.
Meu “Chefinho” era um burocrata doido do Itamaraty, que no fundo até era simpático. Só que ele estava estressado, coitado! Fez até reunião com a maior pompa pras mocinhas da recepção (eu no meio).
Missão: resolver pepinos em castelhano. Ainda mais com os seguranças (aká armários) do Hugo Chávez.
Terrível. Mas pro primeiro bico (trabalho também não né?)
Primeiro dia: dor nas pernas porque nos colocaram de pé na porta do hotel.
Segundo dia: total confusão com a chegada do Chávez.
Terceiro dia: téeeeeedio de ficar o dia inteiro esperando acabar meu horário.

Minha colega, Renatinha, doida, me fez rir horrores, ficava destilando a recepção do hotel.
Nina, a guria de boa sonolenta.
Os seguranças venezuelanos que nos presentearam com a constituição da Republica Bolivariana de Venezuela, o discurso do Chávez na ONU, e umas bandeirinhas da Venezuela. Mandaram agitar as bandeiras quando o Chávez chegasse. Chefinho ficou puto: “ de jeito nenhum! Vocês não vão contribuir ao populismo desse cara!”

Mas melhor foi quando um segurança virou pra gente na recepção:
- Chevere?
- Ahm?
- Chevere?
- Perdón?
- significa cool...
- Ay! Bo, esa no la conocia! Si...

Vergonha! A Gaffe! Só sei castelhano meridional! La Concha de la madre bo!

ps: o Hugo Chávez é muito sem expressão, populista, militarista, anda com o estado maior dele para cima e para baixo. Enfim. Eu já fui mais com a cara dele. Mas ele anda muito excêntrico para quem queria fazer uma revolução;