Despedidas

Pois hoje eu tenho muita coisa pra dizer. Não sei bem por onde começar.
A Thalia foi embora. Eu, a Bia, Clarinha, Julia e a Ana ficamos no aeroporto esperando ela chegar lá pra tomar um avião. A Thalia odeia voar.
Pensei em escrever uma carta, um cartão, falar de sentir saudades... mas fiquei sem inspiração. E não sabia o que dizer.
Ela chorou, vi os olhinhos e o nariz vermelhos. Demos muitos abraços. Falamos de e-mails, manter contato e visitas em Paris.
Ai todo mundo tava triste, com vontade de chorar.

Eu não sei. Mas não me deu nenhuma vontade de chorar. Estou aceitando essa, e outras partidas com muita calma. Tranquilidade.
Por um lado, tudo mundo sabe que nos iamos partir. Nós sabemos perfeitamente bem que esse é o nosso carma. Sem residencia fixa, nomades que somos, tão internationais, tão ricos.
É triste saber que a farra do colégio acabou, que não vamos mais nos ver todos os dias... etc.
Mas como eu canso de me repetir: estava na hora. As coisas acontecem assim mesmo. O tempo passa, a festa acaba. Uma nova começa a seguir, e mais tarde também vai se encerrar. Não sei como expressar isso de um jeito mais elaborado e menos infantil. Mas é como me disse o Dieguinho em outubro do ano passado, curiosamente quando estavamos voltando da embaixada da Grécia.
"As coisas vão se definindo, uns pra cá, outros pra lá. Algumas pessoas se separam, e tudo isso é muito normal. Os rumos que tomamos são diversos. "

Penso também num capitulo de Demian, quando o Sinclair esta de férias e em breve vai partir para a faculdade. Ele explica que os pais e as irmãs estão muito tristes com a sua partida, ele porém sente um certo alivio. Não esta indiferente, mas sabe que "agora chega, o tempo aqui esgotou temos que partir pra outra".

Ainda mais se a outra é aquilo que todos querem a muito tempo: a vida universitária. Ainda mais morando sozinhos em Paris. Este é o momento definitivo na vida desses meus amigos. Eles vão se descobrir de verdade, sozinhos, se virando. Quero ver como eles vão se sair. Como vão amadurecer.

E eu também, não é mesmo?