" As coisas que não existem são mais bonitas "

sábado, outubro 27, 2007

Um prazer

Estou me sentindo no seculo 19. Ou até antes. Mando um SMS numa terça e só recebo a resposta na segunda seguinte. Parece que o que eu mandei foi um pombo com um pedacinho de papel rabiscado. E que deu até tempo do pombo se perder no céu de Paris, ou ficar preso na greve do metro.

Ele propos de nos encontrarmos num bar. Sim. Deixei ele fazer as coisas do jeito dele, não liguei de volta perguntando onde e que horas. Ele me respondeu na quinta à tarde. 18h no metro Vaugirard, num bar numa ruazinha, num desses famosos cantinhos de Paris.

Cheguei là, estava ele mais dois caras. Num computador eles estavam modelisando em 3D o bar. Esse povo que faz design. Eu com mil coisas pra perguntar, ele querendo me contar tanta coisa, e tinha que parar e fazer medidas das mesas do bar e dar indicações ao outro que estava no computador. E eu ali? Estranho. Jogos de olhares parte 4. Depois chega o amigo dele que tem uma cara de psicopata total. Um pouco mais de conversa, eu me solto, falo demais sobre a F1, carinha do computador adorou ter alguém com quem falar sobre isso " em escolas de arte ninguém curte esporte, a gente prefere ir a exposições".

Samuel conta uma historia, um fato que o marcou e é devidamente sacaneado pelos amigos, a minha sensibilidade feminina simpatisa com o esforço dele de me contar uma coisa un pouco intima. "C´est ça". Me convidam pra jantar com eles. Raclete e os olhos do Alban brilham, uma cena engraçadissima. Comentario do Yannis, aka o psicopata, "o Samuel tem um aparelho de raclete, uma frigideira de crepe, etc... ele é um bom partido heim!" (Só... então tá! Isso foi indireta?) Resposta do Samuel completamente envergonhado: "Merci Maman" (obrigado mamãe).

Samuel acha que perde 20 euros, pense em 4 otarios procurando uma nota de dinheiro por 10 minutos num bar até o Samuel se tocar que estava no bolso. O episodio me deu a oportunidade de observar 1) ele gentilmente furioso 2) o esvaziamento da mochila, pense nos objetos mais aléatorios. Pois é o tipo da bobagem que eu curto observar.

Saimos, caminhadas, conversas, trafego, piadas entre amigos à francesa (cara eu não tenho paciencia pra isso). Falamos de colegio de novo (eu me sinto uma pessoa tão sem assunto!)

Passamos num supermercado e o Samuel tem que mostrar espontaneamente que ele é designer "tipo pega esse carrinho novo deles e me diz se não é a maior merda que já foi desenhada, você acha que ele é pequeno mas fica batendo em tudo". O Alban no inicio diz que adorou o carrinho, só pra deixar o Samuel com raiva, eu digo "ele ta fazendo de proposito pra te deixar nervoso" "Eu sei, ele não seria o Alban se não estivesse fazendo isso" e là estava o Alban feliz da vida com o carrinho de supermercado até bater na pilha de caixas de chocolates. Samuel triunfa e não recolhe nada. Ele obviamente me sacaneia com a historia do yogurte. E sim, eles compraram pão... Samuel barbaramente devorando o pão indo pra casa, até se tocar e me oferecer.

Samuel e Yannis, o psicopata, moram juntos numa antiga loja. Não é bem um apartamento, não tem janela, tem uma vitrine pra rua na sala (to falando serio). E entre a cozinha e a sala tem outra vitrine. Num dos quartos tem simplesmente toda a mudança com milhões de caixas e muito papel. A cozinha esta uma bagunça, casa de homem. Yannis põe musica, Samuel começa a lavar a louça e a dançar com um pano de prato vermelho e branco. A cena é devidamente assistida e sacaneada pela vitrine da sala pelo Alban e pela Lea. Ah! Sim, chegou o povo com a bebida, cerveja quente (não entendo a França...) Lea, Pierre, Aurélien (que estranhamente parece muito com o Vitor!).

Ai aconteceu uma coisa que me surprendeu. Esse pessoal todo estuda junto, menos o Yannis. Eles começaram a falar das aulas, dos projetos e dos concursos. De repente o Yannis sai là do fundo e senta do meu lado, com a pinta de psicopata que ele tem, e me diz "eles tão falando das coisas deles e você deve estar boiando, deve estar muito chato pra ti". Eu estava fascinada, adorando ver gente normal conversando sobre a vida deles. Expliquei isso ao Yannis mas ele não se conveceu. Também não queria aparecer muito, aquela coisa do ficar quietinha no meu canto. Também era pra fazer meu mistério, pra obrigar o Samuel a vir falar comigo. Mas foi simpatico do Yannis vir conversar comigo, algo meio serial killer de ser... Ele é muito bizarro.

E porque diabos o Samuel fez questão de me mostrar as tais canetas... e me fez cheira-las? Isso tudo porque eles estavam conversando sobre os desenhos e falaram disso. Ai o Samuel me chama pro quarto e me mostra as canetas. Guarda as canetas e ele começa a tirar o casaco. Eu surpresa saio discretamente do quarto. (Não entendo os franceses... definitivamente).

Mas pra resumir tudo... no final eu já tava morrendo de sono, sentei ao lado do Samuel, depois de infelizmente ficar presa na cozinha com Yannis dançando zouk (louco é apelido carinhoso pra ele), Aurélien e Alban.
Sento ao lado dele e nenhuma conversa, mas as famosas trocas de olhares que te deixam naquels duvida dos infernos. Sera que eu to imaginando coisas ou ele esta afim? Como é que eu vou saber?

O pombo correio do celular tomou bala com Red Bull e recebi uma mensagem no metro indo pra casa do Stefano. É a primeira vez que ele toma a iniciativa. Ufa!

"Foi um prazer. Passe um belo final de semana. beijos"

Um comentário:

relosilla - chaverinho disse...

ai novela!!!! adorei,..
quero saber mais e mais e mais e mais...


saudades...